quinta-feira, 13 de agosto de 2009

FUNDAMENTOS SÓCIO CULTURAIS DA EDUCAÇÃO

FUNDAMENTOS SÓCIO CULTURAIS DA EDUCAÇÃO

EMENTA:
O conhecimento sociológico e sua aplicação na educação. As teorias sociológicas da educação. A importância da sociologia clássica de Marx, Durkeim e Weber, para análise da Educação. Crise do capital e a educação. Estudo da Abordagem sociológica desenvolvida por Bordieu para a análise dos fenômenos culturais e educacionais contemporâneos.

Bibliografia - Bourdieu, Pierre. Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 1992.
Dejours, Christophe. A banalização da injustiça social. 4 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2001. Durkeim, Emile. Educação e Sociologia. São Paulo: Edições Melhoramento, 2001.

O CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO E SUA APLICAÇÃO NA EDUCAÇÃO
A Sociologia é uma ciência que estuda a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela Psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da Sociologia. (Demeterco, Solange Menezes da Silva, Sociologia da Educação, Curitiba: IESDE: Brasil S.A., 2ªed.,p. 6, 2006).
Cobrindo todas as áreas do convívio humano — desde as relações na família até a organização das grandes empresas, o papel da política na sociedade ou o comportamento religioso —, a Sociologia pode vir a interessar, em diferentes graus de intensidade, a diversas outras áreas do saber. Entretanto, o maior interessado na produção e sistematização do conhecimento sociológico atualmente é o Estado, normalmente o principal financiador da pesquisa desta disciplina científica. Por essa razão, o conhecimento sociológico, através dos seus conceitos, teorias e métodos, pode constituir para as pessoas um excelente instrumento de compreensão das situações com que se defrontam na vida cotidiana, das suas múltiplas relações sociais e, conseqüentemente, de si mesmas como seres inevitavelmente sociais.
A Sociologia da Educação se constitui no conhecimento sociológico e sua aplicação na educação, é de salutar importância a sociologia da educação na formação do educador.
1. Pierre Bourdieu fala em "lei social (...) que estabelece que o capital cultural vai ao capital cultural" e que dá conta da "eliminação escolar dos filhos mais desprovidos de capital cultural". (Bourdieu, 1982, p. 20).
2. Artigo republicado em Passeron, 1991, p. 89-109.
3. A história mostra que, desde o começo do século XVII, em torno do rei da França, desconfia-se da instrução. Temia-se um povo camponês culto que desertaria o campo em favor das "Belas-Letras". Alguns queriam até excluir da instrução "aqueles que a Providência fez nascer numa condição de lavradores de terra, aos quais apenas se deveria ensinar a ler" (texto datado de 1667, citado por F. Furet e J. Ozouf, 1997, p. 76). Esse tipo de debate continuaria ao longo do século XVIII.

4. "Apenas se pode, por exemplo, reprovar o modelo hegeliano da burocracia de Estado por ignorar que os servidores do Governo servem a seus interesses particulares sob coberto de servirem o universal se se admitir tacitamente que a burocracia pode, como ela pretende, servir ao universal e que os critérios e as críticas da razão e da moral podem portanto lhe ser legitimamente aplicados" (Bourdieu, 1994, p. 242).
5. Desde 1963, Jacques Delors, então conselheiro dos Assuntos Sociais no Planejamento, encarregou Augustin Girard de criar um serviço de Estudos e Pesquisas no Ministério dos Assuntos Culturais. Este introduziria, no início dos anos de 1970, as grandes enquetes quantitativas que, desde então, perenizaram-se.

A IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA CLÁSSICA DE MARX, DURKEIM E WEBER, PARA ANÁLISE DA EDUCAÇÃO.

A Sociologia é uma área de interesse muito recente, mas foi a primeira ciência social a se institucionalizar. Antes, portanto, da Ciência Política e da Antropologia
a Sociologia não é uma ciência de apenas uma orientação teórico-metodológica dominante. Ela traz diferentes estudos e diferentes caminhos para a explicação da realidade social. Assim, pode-se claramente observar que a Sociologia tem ao menos três linhas mestras explicativas, fundadas pelos seus autores clássicos, das quais podem se citar, não necessariamente em ordem de importância: (1) a Positivista-Funcionalista, tendo como fundador Auguste Comte e seu principal expoente clássico em Émile Durkheim, de fundamentação analítica; (2) a sociologia compreensiva iniciada por Max Weber, de matriz teórico-metodológica hermenêutico-compreensiva; e (3) a linha de explicação sociológica dialética, iniciada por Karl Marx, que mesmo não sendo um sociólogo e sequer se pretendendo a tal, deu início a uma profícua linha de explicação sociológica.
Estas três matrizes explicativas, originadas pelos seus três principais autores clássicos, originaram quase todos os posteriores desenvolvimentos da Sociologia, levando à sua consolidação como disciplina acadêmica já no início do século XX.
Sociologia do Conhecimento
Concebida como o estudo das condições sociais de produção de conhecimento. Seu enfoque abarca as relações sociais envolvidas na produção do conhecimento. O objeto desse tipo de sociologia não se confunde os da teoria do conhecimento ou epistemologia. É a gênese do conhecimento intelectual e dos usos no ambiente social. Assim, consideram-se outros fatores determinantes da produção de conhecimento que não os consciência puramente teórica, mas também de elementos de natureza não teórica, provenientes da vida social e das influências e vontades a que o indivíduo está sujeito.
A influência de tais fatores é de grande importância e sua investigação é objeto da Sociologia do Conhecimento. Esta formulação teórica tem em vista que cada período histórico da humanidade é dominantemente influenciado por certo tipo de pensamento ou de formulações teóricas tidas como relevantes. Em cada momento histórico tendências conflitantes, apontando tanto para a conservação da ordem quanto para a sua transformação, surgiriam em vista dos interesses políticos, ideológicos dos agentes envoltos na prática da produção do conhecimento.
A Sociologia do Conhecimento, tal como definida acima, difere da Teoria do Conhecimento pelo fato de que a esta última debruça-se sobre os problemas comuns a todas as áreas do conhecimento científico preocupando-se não com sua "gênese social". Ao contrário, a Teoria do Conhecimento está envolvida no desenvolvimento do conhecimento científico num nível meta-teórico, confundindo-se, pois, com a Metodologia das Ciências no seu sentido forte: a fundamentação de teorias.
Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) é considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia, posterior a Marx
Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele, o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa estrutura.
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da solidariedade orgânica).
A sociologia fortaleceu-se graças a Durkheim e seus seguidores. Suas principais obras são: Da divisão do trabalho social (1893); Regras do método sociológico (1895); O suicídio (1897); As formas elementares de vida religiosa (1912). Fundou também a revista L'Année Sociologique, que afirmou a preeminência durkheimiana no mundo inteiro.
Durkheim formou-se em Filosofia, porém sua obra inteira é dedicada à Sociologia. Seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma "Consciência Coletiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socialização", a consciência coletiva seria então formada durante a nossa socialização e seria composta por tudo aquilo que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar. E esse "tudo" ele chamou de "Fatos Sociais", e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.

Maximillian Carl Emil Weber (Erfurt, 21 de Abril de 1864 — Munique, 14 de Junho de 1920) foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia. Seu irmão foi o também famoso sociólogo e economista Alfred Weber. A esposa de Max Weber, Marianne Schnitger, era a socióloga e historiadora do Direito.
Ele foi, juntamente com Karl Marx, Vilfredo Pareto e Emile Durkheim, um dos modernos fundadores da Sociologia. É conhecido sobretudo pelo seu trabalho sobre a Sociologia da religião.
De importância extrema, Max Weber escreveu a Ética protestante e o espírito do Capitalismo. Este é um ensaio fundamental sobre as religiões e a afluência dos seus seguidores. Subjacente a Weber está a realidade econômica da Alemanha do princípio do século XX.
Um político não deverá ser um homem da "verdadeira ética católica" (entendida por Weber como a ética do Sermão da Montanha - ou seja: oferece a outra face). Um defensor de tal ética deverá ser entendido como um santo (na opinião de Weber esta visão só será recompensadora para o santo e para mais ninguém). A esfera da política não é um mundo para santos. O político deverá esposar a ética dos fins últimos e a ética da responsabilidade, e deverá possuir a paixão pela sua actividade como a capacidade de se distanciar dos sujeitos da sua governação (os governados).
a idéia de que Deus decretou o destino dos homens desde a criação e a idéia de que certos sinais da vida cotidiana podem indicar quais são os eleitos por Deus e quais os danados. Conquanto, para os católicos, há certos elementos atenuantes que permitem ao crente cometer certos deslizes, para os protestantes, sobretudo os calvinistas, a exigência de uma comprovação de que se é eleito impõe vastas restrições à liberdade do fiel, de modo a levar a uma total racionalização da vida. Essa racionalização, entendida como uma "ascese intramundana" — isto é, uma visão de mundo que propõe a iluminação através da santificação de cada ato particular do cotidiano —, abre um campo para o enaltecimento do trabalho, visto como a marca da santificação. É essa característica que permite a articulação entre a ética protestante, por um lado, e o espírito do capitalismo, por outro.

TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO

Supunha-se que por meio da escola pública e gratuita seria resolvido o problema do acesso à educação e, assim, garantida, em princípio, a igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos. Os indivíduos competiriam dentro do sistema de ensino, em condições iguais, e aqueles que se destacassem por seus dons individuais seriam levados, por uma questão de justiça, a avançar em suas carreiras escolares e, posteriormente, a ocupar as posições superiores na hierarquia social. A escola seria, nessa perspectiva, uma instituição neutra, que difundiria um conhecimento racional e objetivo e que selecionaria seus alunos com base em critérios racionais.

Pierre Bourdieu ao analisar o pensamento de seus contemporâneos, em particular Durkheim , faz uma reflexão sobre a concepção estruturalista. Para essa corrente de pensamento as estruturas da sociedade já estão “prontas”, uma estrutura “estruturada”, ou seja, devemos lidar com as relações levando em conta o que já existe. As estruturas que determinado meio cultural cria, é que determinaria as formas de convivência. Bourdieu critica essa visão objetivista dos estruturalistas por não reconhecerem o papel dos agentes sociais e subordinarem a ação simplesmente a um sistema previamente estruturado. Para Bourdieu há todo um “jogo” simbólico entre os agentes de uma sociedade, esse jogo se dá entre posição e situação e esses dois pólos estão intimamente ligados, chegam mesmo a ter semelhanças. Há uma busca por ascensão de parte a parte. As relações que se colocam entre classes sociais não devem ser olhadas apenas relativamente às estruturas, os agentes se movimentam sim em busca de legitimar sua posição, por exemplo a burguesia, ou buscar superar uma situação (proletários). Claro que Bourdieu reconhece que os agentes, de certa forma, também estão “presos” ao Habitus, daí por que agem de tal maneira, buscam determinados objetivos, etc. Ao lado desse habitus, está a distribuição desigual dos bens materiais e simbólicos que acabam justificando certa posição de classe, mais vale o ter, do que o ser! As conquistas sociais passam a ser simbolicamente “naturais.” Esse simbolismo resignifica os grupos dominantes, tornando-os culturalmente e economicamente legítimos. Isso se percebe facilmente (roupas, casas, escolaridade,etc.), ou seja, é natural que eles estejam onde estão (no poder), que se vistam como se vestem (muito bem), etc. Os que ocupam a posição de dominantes farão de tudo pra lá se manterem. Enfim, digamos que posição e situação se traduzem em dominantes e dominados! Os aspectos simbólicos, o Habitus e o cultural passam a realizar dentro da estrutura, imposições econômicas de um grupo, em detrimento de outro.

“A Banalização da Injustiça Social”
(Christophe Dejours, 2000, editora Fundação Getúlio Vargas}

Christophe Dejours é psiquiatra, psicanalista, professor do Conservatório Nacional de Artes e Ofícios e diretor do Laboratório de Psicologia do Trabalho da França, também autor do título consagrado “A loucura do trabalho”.
Parte da análise das graves questões econômicas que afetam direta ou indiretamente o mundo do trabalho. As contribuições dessa análise são de importância ímpar para os trabalhadores, em geral, independente da categoria profissional. Muito embora o autor não se refira especificamente ao trabalho em saúde, muitas das considerações são básicas para a fundamentação de discussões acerca dos determinantes estruturais no trabalho em saúde e, particularmente, do trabalho de enfermagem. Dejours tece críticas à perspectiva de que os indivíduos somente sobreviverão no mercado se superarem a si próprios, tornando-se cada vez mais competitivos e eficientes que os colegas, pares, ou concorrentes primando pelo individualismo.
Aponta que essa contradição presente nos cenários do trabalho precisa ser enfrentada, pois, do contrário, estar-se-á passando por cima de alguns dos princípios que, muitas vezes, se considera importantes, mas que se passa a relegar, devido à necessidade de manter os empregos e, por conseqüência, a sobrevivência.
Dejours deixa claro que a crise que se apresenta aos trabalhadores tem sua gênese na natureza do sistema econômico, no mercado ou na humana diante dessas situações têm contribuído e muito para o agravamento de problemas laborais, principalmente no que se refere ao sofrimento no cotidiano do trabalho. Questiona o por quê se permite que o sistema faça o indivíduo sofrer. As reflexões propostas estão pautadas em questões profundas, situadas no âmbito da subjetividade dos indivíduos, ou seja, os trabalhadores, com o passar do tempo, vão perdendo a esperança, e acabam chegando à conclusão de que os esforços, a dedicação, a boa vontade, o bom relacionamento com os colegas, e produzir o máximo para as empresas/instituições não têm contribuído para que se estabeleça um equilíbrio na relação de prazer-sofrimento. Assim sendo, adota-se, cada vez mais, o distanciamento das questões relacionadas à gênese dos conflitos do dia-a-dia laboral. Tal perspectiva afirma o autor, refletirá diretamente não só no desempenho das tarefas no trabalho, mas, também, nos relacionamentos interpessoais que tendem à deteriorização no âmbito do trabalho, da família e em outras instâncias do convívio de cada um.
As conseqüências advindas do sofrimento patogênico desencadeado pelo trabalho, repercutem tanto na saúde física quanto na saúde psíquica do trabalhador. Entretanto, o que ocorre é a busca de estratégias de defesa para suportar o sofrimento e não se deixar abater. Há um destaque do autor

Teorias sociológicas da educação leva à função social da escola e sua relação com a sociedade: diferentes tendências teóricas. Dai pode-se fazer a análise da educação brasileira e suas implicações na sociedade, teoria e prática: alicerce para o dia-a-dia do professor.
O lugar da sociologia no quadro das ciências sociais numa perspectiva histórico-crítica é ter a Sociologia como Ciência que estuda as relações do homem com a sociedade. A educação como fenômeno social e objeto de estudo da Sociologia. As matrizes do pensamento sociológico (Marx, Weber e Durkheim) e as diferentes análises do fenômeno educacional. O estado, a estrutura social e suas relações com a educação. Os processos educacionais no Brasil e as teorias contemporâneas da sociologia da Educação. As teorias sociológicas (funcionalismo, teorias da reprodução e materialismo histórico) e suas contribuições para a interpretação dos fenômenos educacionais. A escola como espaço de construção de identidades sociais. Os estereótipos do processo ensino-aprendizagem. Os Espaços educacionais não formais e as novas dimensões contemporâneas da educação na sociedade globalizada. Educação e Cidadania: A função política e social da escola.
Estudo das Teorias Sociológicas Clássicas - Durkheim, Weber e Marx. Todos esses autores trouxeram para a sociologia temas fundamentais para o entendimento da formação e transformação da sociedade moderna por intermédio da interpretação e visão de mundo diversas.

QUESTÕES
I. Após leitura do texto elabore um questionário estratégico de estudo, como perguntas e respostas.
II. Com base no texto, dizer:
a) Qual é o papel das Teorias Sociológicas da Educação;
b) Quais os tipos de relações do ser humano;
c) Quais são as principais teoria sociológicas;
d) Quais as contribuições de Durkheim, Weber e Marx para a sociologia;

Nenhum comentário:

Postar um comentário